Publicações pessoais diminuem no Facebook

Publicações pessoais diminuem no Facebook

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O Facebook, desnecessário dizer, é uma rede social – e como tal, foi criado para proporcionar a interação entre as pessoas. E as pessoas interagem por meio de…? Isso mesmo, conversas. Trocam opiniões, informações sobre seu dia-a-dia, acontecimentos marcantes, algum problema no trabalho (ou mesmo uma nova oportunidade), o aniversário do filho, o falecimento de um parente, mostram dúzias de fotos da super viagem de férias que fizeram… enfim, a interação proposta pelo Facebook era a de permitir que as pessoas se comportassem, nesse ambiente virtual, como se comportam ao vivo. E foi assim por muito tempo.

Mas agora, alguma coisa está mudando. Você já notou? Zuckerberg já, e está meio preocupado com isso. Dê uma olhada na sua timeline e responda: ainda tem muita postagem pessoal dos seus amigos de timeline, ou tem aparecido mais compartilhamentos do que qualquer outra coisa? Provavelmente você vai notar que os compartilhamentos (de qualquer coisa: memes, notícias, postagens de outras pessoas…) estão ocupando muito mais a sua tela do que as postagens originais de seus amigos. E isso não é coisa de brasileiro.

World Wide Repeteco

Você poderia pensar que talvez seja culpa dos últimos acontecimentos políticos no Brasil, em que todo mundo escolheu um lado e se dedica a compartilhar notícias que corroborem com seu ponto de vista. Até seria uma boa explicação! O problema é que esse fenômeno foi observado ao redor do mundo inteiro, não apenas aqui. Usuários de todos os países estão adotando este comportamento e compartilhando mais informações prontas do que criando postagens originais.

Uma das explicações é a questão da segurança. No início, com o boom do Facebook, todos tendiam a postar fotos íntimas, da família, dos filhos, da escola dos filhos, do parquinho onde eles brincam, “anúncios” de quando iriam viajar para a praia e de quanto tempo ficariam fora, local onde trabalham, etc.. Obviamente isso deixou o público muito, mas MUITO exposto a criminosos de todo tipo, e naturalmente houve uma onda de alertas quanto à necessidade de se proteger melhor a privacidade (e por tabela, a segurança) do próprio usuário e de sua família. De fato, esse tipo de exposição diminuiu bastante. Mas isso já tem alguns anos! Será que está surtindo efeito até hoje?

Talvez sim, mas não pode ser considerada a única causa desse novo modus operandi dos facebookers.

Os ânimos acirrados por questões políticas e ideológicas tornaram a timeline um campo minado, e muitas pessoas têm demonstrado muito mais cuidado com o conteúdo que postam, a fim de evitar discussões homéricas e, inclusive, a perda de amizades por diferenças na maneira de pensar (ou por diferenças partidárias). Assim, seguindo a política da boa vizinhança, muitos preferem compartilhar conteúdos já prontos, vídeos, notícias gerais, imagens obtidas em páginas de grupos – enfim: material de menor “capacidade ofensiva”. Além do mais, é muito mais fácil dar um simples “Compartilhar” num conteúdo já pronto do que produzir um do início. E com os sites de notícias e generalidades usando o botão do “Compartilhar” logo depois da notícia para facilitar a vida dos leitores… Ops… talvez o pessoal do Facebook não tivesse previsto esse efeito, hein?…

Mas tem mais uva passa nessa farofa. O Facebook anda perdendo espaço para outras redes sociais como o tão falado SnapChat, o Instagram e outros. É natural que haja uma onda migratória de uma rede social para outra – foi assim com o Orkut, lembra? Logo que surgiu o Facebook, com acesso restrito naquela época apenas para pessoas que fossem “convidadas” a participar dele, ele se tornou um sucesso avassalador que o falecido Orkut não conseguiu reverter. Agora, com celulares potentes dotados de câmeras e ótimas antenas, a publicação de fotos e vídeos passou a ser o novo most. Padre Fábio que o diga!

Mas calma, que além da uva passa, essa farofa também leva abacaxi. Os facebookers estão mais antenados no uso das opções de privacidade da rede social, e andam selecionando cada vez mais minuciosamente esta configuração. Categorizando seus amigos entre familiares, amigos, colegas e conhecidos, ele podem direcionar suas postagens apenas para um grupo e impedir que os outros as vejam – isso quando não criam grupos fechados para um grupinho restrito! Com isso, as postagens originais passaram a ser mais direcionadas a alguns “amigos” e ficam invisíveis a todos os outros, sejam eles amigos próximos ou apenas conhecidos.

Mas por que isso importa?

Pergunta de ouro. Para o Facebook, o ideal é um equilíbrio entre o número de postagens originais e o de compartilhamentos, porque isso torna a rede social atrativa para os usuários. À medida em que ela vai sendo tomada por compartilhamentos de notícias e de memes, ela vai se tornando cada vez menos interessante para os usuários, e eles tendem a procurar outras redes para manter contato com seus amigos (“já que eles não estão postando mais nada no Facebook, só notícia… vou conversar com eles por outra”).

Na verdade, não há muita diferença entre uma empresa que está sempre postando um conteúdo já pronto e um usuário que está sempre compartilhando conteúdo já pronto. É ou não é? E se nós não temos interesse em ler tudo que uma empresa posta (por mais que tenhamos interesse nela), o mesmo desinteresse acontecerá em relação a um amigo que não coloca nada de novo, só compartilhamentos. E se todos os amigos resolverem começar com essa atitude… que interesse teremos em abrir nosso Facebook? E se não o acessamos, como as empresas lucrarão com seus anúncios divulgados nessa rede social, se não há mais tanta gente para vê-los? E se elas resolverem deixar de investir no Facebook por isso e o abandonarem? Zuck não vai ficar contente com isso.

Como o Facebook vai resolver isso?

Já se notam algumas ações dos desenvolvedores para isso; uma delas é a inserção automática de postagens “comemorativas” dizendo há quanto tempo você e Fulano são amigos, ou relembrando de postagens suas de um ano atrás, ou dois, ou quatro… Enfim, reativação de postagens com potencial para criarem situações de interação entre amigos e provocam a interação dos mesmos. Em resumo: tornar o Facebook emocionalmente interessante para os usuários e seus amigos de timeline (e da vida real).

Outra atitude que tomaram foi a de fazer com que os eventos nos quais você demonstrou interesse apareçam de tempos em tempos na sua timeline para lembrá-lo dele. Esta estratégia também tem grande possibilidade de gerar interação – e também possibilita que você convide algum conhecido para participar do mesmo evento. Novamente: interação humana que torne a presença no Facebook interessante. Isso porque nem mencionamos os apps para celulares! A disponibilidade de um computador de mesa ou notebook para acessar a rede social já não é mais desculpa.

O próximo passo, agora, é possibilitar aos usuários o acesso ao Facebook Live, uma ferramenta de streaming de vídeo em tempo real. #AsVaidosasPira! Vai ser um serviço mais ou menos nos moldes do Periscope, que permite que o usuário exiba vídeos em tempo real e que seus seguidores interajam durante a exibição (diferente do Vine, que permitia apenas a postagem de vídeos já gravados).

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